Por: Jorge da Silva Abreu
Páscoa, festa tradicional milenar tanto judaica como cristã, comemorada e absolvida por vários povos abrangendo a maioria dos habitantes do planeta. Mas como se originou essa festa e que significado tem, tanto na festa em si, como na etimologia de sua palavra?
Por que se comemora com ovos de páscoa, e o que o coelho tem a ver com essa festa. O por que só se pode comer carne de peixe e não de um outro animal qualquer?
A Origem
A palavra Páscoa vem do original hebraico Pessach (פֶּסַח), significando “passagem ou transição”, transliterada para o grego Paskha (Πάσχα).
No português, como em muitas outras línguas, a palavra Páscoa sofreu várias outras variações. Os espanhóis chamam a festa de Pascua, os italianos de Pasqua e os franceses de Pâques.
Páscoa dos hebreus/judeus (Êxodo)
Israel foi escravo durante 400 anos no Egito, mas Deus usa Moisés para tirar Seu povo da escravidão, aproximadamente 2.450 a.C., assim Ele envia 9 pragas sobre o Egito, pois Faraó não deixava o povo sair. Antes da 10ª praga (êxodo 11:4), Deus instituiu a Páscoa onde tudo começou (Êxodo 12:1-14, 26-28).
Então foram mortos os primogênitos dos egípcios (até animais), porém, os hebreus (Judeus) foram poupados, pois fizeram o que Deus ordenara, fazendo o anjo da morte a passar por cima das casas que tinha o sangue do cordeiro nos umbrais das portas.
Após a 10ª praga, Faraó decidiu libertar o povo hebreu, dando início ao Êxodo de Israel para a Terra Prometida (12:31) e “significando a passagem da escravidão do Egito para a liberdade na Terra Prometida, e um novo livramento da morte pela espada de Faraó, através da passagem do Mar Vermelho (Êxodo 14:21-22)”.
Após a liberdade do povo hebreu, a festa só teve início após a ordem dada por Deus, que foi realizada na península montanhosa do Sinai situada no Egito, uma região consagrada atualmente por três das principais religiões do mundo (cristianismo, judaísmo e islamismo), de acordo com o versículo bíblico em Números 9:1-4:
E falou o SENHOR a Moisés no deserto de Sinai, no ano segundo da sua saída da terra do Egito, no primeiro mês, dizendo: Celebrem os filhos de Israel a páscoa a seu tempo determinado.
No dia catorze deste mês, pela tarde, a seu tempo determinado a celebrareis; segundo todos os seus estatutos, e segundo todos os seus ritos, a celebrareis. Disse, pois, Moisés aos filhos de Israel que celebram a páscoa.
Foi no monte Sinai, que em épocas remotas chama-se Horebe, que Moisés recebeu as tábuas do Decálogo (Dez mandamentos)
A lenda dos ovos e do coelho de páscoa
A festa foi associada a imagem do coelho, símbolo de fertilidade e ovos pintados com cores brilhantes que representavam a luz solar, e estes eram dados como presentes.
Esse modelo pagão de celebração da Páscoa começou com os antigos povos pagãos europeus desde o século VIII da era cristã, que nesta época do ano também homenageavam Ostera. Em inglês, Easter quer dizer Páscoa.
Ostera era a deusa da primavera, que segurava um ovo em sua mão e observava um coelho, símbolo da fertilidade, pulando alegremente em redor de seus pés.
A deusa, o ovo e o coelho eram símbolos da chegada de uma nova vida, onde o povo alemão introduziu a festa nas festividades cristãs. Ostara é na mitologia grega Deméter, na mitologia romana é Ceres.
Com o passar dos anos, comerciantes viram a grande oportunidade de usar a páscoa dos pagãos e da troca de ovos coloridos para comercializá-los e com o tempo os ovos naturais pintados foram substituídos por ovos de chocolate.
Surgimento do mito Ostera
Eostre, Ēostre, Ostara ou Ostera é a deusa da fertilidade, amor e do renascimento na mitologia anglo-saxã, na mitologia nórdica e mitologia germânica (alemã). Na primavera, lebres e ovos coloridos eram os símbolos da fertilidade e renovação a ela associados.
De seus cultos pagãos originou-se o termo Inglês Easter e Ostern em alemão, que foi absorvida e misturada pelas comemorações pascais católicas. Os antigos povos nórdicos comemoravam o festival de Eostre no dia 30 de Março. Eostre ou Ostera (no alemão mais antigo) significa “a Deusa da Aurora”. É uma Deusa anglo-saxã, teutônica, da Primavera, da Ressurreição e do Renascimento, associando a ressurreição de Cristo. Ela deu nome ao Sabbat Pagão, que celebra o renascimento, chamado de Ostara.
Dizem as lendas que Eostre tinha uma especial afeição por crianças. Onde quer que ela fosse, elas a seguiam e a deusa adorava cantar e entretê-las com sua magia.
Um dia, Eostre estava sentada em um jardim com suas tão amadas crianças, quando um amável pássaro voou sobre elas e pousou na mão da deusa. Ao dizer algumas palavras mágicas, o pássaro se transformou no animal favorito de Eostre, uma lebre. Isto maravilhou as crianças. Com o passar dos meses, elas repararam que a lebre não estava feliz com a transformação, porque não mais podia cantar nem voar.
As crianças pediram a Eostre que revertesse o encantamento. Ela tentou de todas as formas, mas não conseguiu desfazer o encanto. A magia já estava feita e nada poderia revertê-la.
Eostre decidiu esperar até que o inverno passasse, pois nesta época seu poder diminuía.
Quem sabe quando a Primavera retornasse e ela fosse de novo restituída de seus poderes plenamente pudesse ao menos dar alguns momentos de alegria à lebre, transformando-a novamente em pássaro, nem que fosse por alguns momentos.
A lebre assim permaneceu até que então a Primavera chegou. Nessa época os poderes de Eostre estavam em seu apogeu e ela pôde transformar a lebre em um pássaro novamente, durante algum tempo.
Agradecido, o pássaro botou ovos em homenagem a Eostre. Em celebração à sua liberdade e às crianças, que tinham pedido a Eostre que lhe concedesse sua forma original, o pássaro, transformado em lebre novamente, pintou os ovos e os distribuiu pelo mundo.
Existe também outra lenda de que uma mulher pobre coloriu alguns ovos de galinha e os escondeu, para dá-los a seus filhos como presente de Páscoa.
Quando as crianças descobriram os ovos, um coelho passou correndo. Espalhou-se, então, a história de que o coelho é que havia trazido os ovos.
Desde então as crianças sempre acreditaram no coelhinho da páscoa, a história que seus pais contavam para elas. O Coelhinho da Páscoa é a principal atração entre as crianças.
O mito virou lenda que atravessou décadas, séculos e milênios, e hoje em dia, os possíveis ovos de galinha, que não são de coelho, virou ovos de chocolate.
Por que proibir o consumo de carne vermelha e de frango, mas liberar a de peixes?
A quaresma, que é o período entre a quarta feira de cinzas até o domingo de páscoa, representa os 40 dias do jejum sacrificial de Jesus no deserto, haja vista que o carnaval representava inicialmente o consumo exagerado de carne.
Na verdade, a duração da Quaresma nem está diretamente ligada a isso: ela é baseada na simbologia que o número quarenta possui na Bíblia — quarenta dias do dilúvio, quarenta anos de peregrinação do povo judeu pelo deserto, quarenta dias e Moisés e de Elias na montanha, 400 anos que durou o exílio dos judeus no Egito, etc., onde o período de penitencia instituído pela igreja católica estabelecia a proibição de comer qualquer carne, inclusive a do peixe.
Desde a antiguidade, a carne vermelha foi símbolo de opulência e celebração.
Por isso, consumi-la durante a Quaresma não faria jus às práticas humildes dessa época.
Mesmo assim, isso não responde por que apenas carnes vermelhas e aves são proibidas, enquanto peixe é liberado.
Flexibilização das crenças e carnes
Apesar dessas explicações, há quem acredite que, na verdade, muito embora não haja base e nenhuma comprovação histórica, essa restrição veio de interesses particulares do Vaticano, quando era proprietário de comércios marítimo na pesca em sociedade com a companhia holandesa das índias ocidentais, armazenando grande quantidade de peixes em seus armazéns curtido em sal grosso e gelo.
Muitos europeus não apreciavam o peixe no seu cardápio alimentar e ainda assim, onde durante a quaresma os fiéis, com a prática do jejum, não consumia carne nenhuma na quarta-feira de cinzas e nem na sexta-feira santa.
Para não terem grande prejuízo, eles flexibilizaram as regras ao longo dos anos, de acordo com determinadas conveniências, para manter o seu negócio da venda da pesca justamente na semana santa devido a seu jejum, mantendo a proibição do consumo da carne vermelha e de frango, é claro, e assim, sem concorrência, evitaria tamanho prejuízo.
Conclusão
Por falta de conhecimento da Bíblia, milhões de pessoas, muitos cristãos, se deixaram levar pelos enganos da “nova páscoa” e esqueceram o seu real valor.
Como dissera antes, o significado da palavra Páscoa, passagem ou transição, significou, no passado, a passagem por cima das casas dos hebreus, livrando os primogênitos da morte, onde o sangue do cordeiro, nos umbrais nas portas, embora Moisés e todo o povo hebreu não soubesse de seu significado, simboliza o sangue de Jesus cravado na cruz do calvário em tempos vindouros.
Por isso, que para nós cristãos, a páscoa representa a passagem ou transição em três tempos, a saber:
1) A passagem do anjo da morte por cima das casas dos hebreus livrando-os da morte.
2) A passagem e transição do povo hebreu, da escravidão no Egito para a liberdade na terra prometida e a passagem pelo mar vermelho, livrando-os da morte pela espada do faraó.
3) E principalmente hoje em dia significa a passagem e transição da escravidão do pecado humano, para a salvação e ressureição em Jesus Cristo.
Um abraço
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